domingo, 30 de setembro de 2007

5 Outubro - 864 Anos da Fundação de Portugal

Perto de se atingir o centenário da república neste país, é mais do que notório que a monarquia não era o problema. A república antes acentuou os problemas que já vinham de trás, além de provocar outros novos, com especial evidência para o retrocesso democrático que o país sofreu desde 1910, e anteriormente a essa data, a gangrena que persiste ainda hoje, do interesse próprio, mesquinho, bairrista ou corporativista, em prejuízo do interesse nacional.

D. Manuel II, durante o seu exílio voluntário, sempre recusou regressar a Portugal e ao trono, pela força e pelo derramamento de sangue. Abdicou de lutar pelo que era o seu legítimo direito, lutar contra o golpe de estado que mendigou reconhecimento pela Europa, pela causa maior – o bem de Portugal. Quantos políticos hoje fariam 50% do mesmo? Nem têm a decência de se demitir, quando são pronunciados arguidos em casos de corrupção…

A meu ver, a diferença entre republicanos e verdadeiros monárquicos é subtil mas substancial – os últimos cometem erros também, mas têm uma vantagem: são idealistas. Acreditam numa causa maior do que eles próprios e que tem a força de unir um povo (ou mais, veja-se o caso da Espanha ou do Reino Unido) e um país. Uma família, representada numa outra família, que está ligada por linhas ancestrais à génese do país, de que é o símbolo vivo. A monarquia terá os seu problemas, com certeza que os têm, como qualquer outro sistema, mas uma vez unidos os monárquicos e acertadas as divergências, não será pior para Portugal do que a república tem sido...

Até as repúblicas, como a Americana, necessitam da sua “realeza” – sejam os “pais fundadores”, seja o presidente, que é tratado como um rei, e tem até a sua palaciana “Casa Branca”… A diferença, mais uma vez, é que esses “monarcas republicanos” não chegam sozinhos ao poder. Vêm acompanhados dos interesses da força, seja ela qual for, que os ajudou a subir. Num sistema como o Português, serão sempre suspeitos e reféns do seu passado político; estarão sempre condicionados nas decisões que tomarem. Quanto à apregoada virtude de qualquer cidadão poder vir a ser o chefe de estado deste país, não passa de um mito – como provou o candidato Manuel João Vieira, “Enapá2000” - quem não tem apoio da máquina partidária ou de quaisquer interesses, não chega lá…

Com certeza que existem republicanos que amam este país, tanto como os monárquicos; mas na hora de o provar, a república em 100 anos, já esteve mais mal do que a monarquia em quase 800.

Como leitura de feriado, recomendo o livro " VIVA A REPÚBLICA! VIVA O REI!
cARTAS INÉDITAS DE AGOSTINHO DA SILVA
(Teresa Sabugosa)"